quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

ENVIE -- PT. 7

Mariana se despediu e saiu sem falar muito. A presença de Philip não lhe agradava muito. Ele limitou-se a observar a saída de Mariana e voltar seus olhares para a sala. Tirou a mochila das costas e se preparava para entrar. Deu apenas 2 passos em direção á porta, mas parou subitamente. Ele sabia que estava prestes a cometer algo impensável, mas pensou nas sirenes da polícia, em algemas em seus pulsos, péssimos companheiros de cela, dentre outras coisas. Após ouvir da diretoria que as chances da bolsa ir parar nas mãos de Joseph eram grandes, ele quase entrou na sala de solavanco. Ele estava ainda mais irritado, mas fechou a porta e saiu. A sala da diretoria não era maior do que o banheiro, era possível ouvir o que se falava. A secretária apenas reparou a presença de Philip, mas não lhe indagou nada.

Assim que o sinal tocou a saída, Philip foi à sala de Joseph perguntar como foi na reunião. Joseph contou a notícia da bolsa, e confirmou a participação na feira estadual.

- Aonde vai ser?

- Em Santo André - Aquilo, para Philip, foi a gota - Tenho 1 mês para me preparar, os diretores vão me mandar todas as instruções por e-mail amanhã.

E Philip ainda teria outra bomba em sua consciência. Ao informar que Mariana passou para vê-lo, Joseph disse que ela o convidou para jantar em sua casa, para, segundo ela, discutir o projeto.

Enquanto andavam pelo corredor, Mariana se aproximava. Philip se sentia 'sobrando' na área. Mariana cumprimentou ambos, e foi tudo o que ela disse à Philip. Ele só ficou ouvindo o combinado entre Joseph e Mariana. Eles iriam almoçar juntos, depois iriam para a casa de Mariana. Aparentemente, o jantar foi puxado para a tarde toda.

Philip saiu á francesa, andando até o fim do corredor, seguidamente correu para a saída, voltando a andar no portão, para não chamar a atenção dos seguranças.

Havia três restaurantes próximos á escola. Dois deles serviam almoço, o outro era de cozinha japonesa. Philip sabia da preferência dos colegas á gastronomia oriental. Ele se sentou num dos bares perto da escola, de onde observou a saída de Mariana e Joseph. Ele sabia aonde ambos moravam. Como Philip imaginava, eles foram ao restaurante japonês.

Não demorou para o almoço se tornar mais do que casual, e Joseph fazia carícias em Mariana, chegando ao ponto de se beijarem, e darem risadas. Philip se sentia abandonado. Depois de ver a cena, ele só rezava para não estarem falando mal dele, depois, não se importou.

Ele saiu correndo para sua casa como se fugisse de alguma coisa. Apenas parava nos cruzamentos. Assim que chegou em casa se pôs embaixo do chuveiro e, mesmo de roupa, o abriu, na posição 'desligado'. Suas lágrimas enraivecidas se misturavam com a água fria que sobre ele caía. Não havia mais ninguém em casa.

Saiu, ligou o som no último volume e deitou-se na cama.

Quando desceu, de roupa trocada, pegou sua mochila e voltou á rua. Descendo a avenida, chegou ao término, aonde havia três carros estacionados, um terreno vazio e um prédio de quatro andares. Utilizando duas pedras encontradas no chão, quebrou uma das janelas do último carro, tirou os cacos com o casaco para não deixar á mostra, deu a partida e seguiu. Ao se aproximar do restaurante, Joseph e Mariana não estavam lá. Ele seguiu pelo caminho que fazia para a casa de Mariana.

Viu os dois andando numa rua pouco movimentada, a cinco quadras da casa dela. Estavam de mãos dadas, vez por outra um beijo acontecia. Philip seguiu de perto. Quando Joseph atravessava a rua, seguido por Mariana, Philip pisou no acelerador como se seu pé pesásse 1 tonelada. Joseph subiu 2 metros, antes de chocar-se contra o chão. Sua perna direita se desmembrou de seu corpo.

(Continua...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário