domingo, 25 de janeiro de 2009

ENVIE -- PT. 8

Philip estava prestes a engatar a marcha-a-ré para atropelar novamente, mas seu instinto o ordenou fazer outra coisa. Ele tirou um boné do banco de trás e o pôs na cabeça. Seguidamente pegou a mochila e saiu do carro. Joseph pouco se movia, já sangrava muito. A trilha de sangue, principalmente saída de seu quadril, já chegava ao bueiro. A porta do carro se abriu vagarosamente, enquanto Philip colocava as pernas para fora. Mariana chorava desesperadamente, e á medida que Philip se aproximava dela, o desespero crescia. Ela não se pôs a correr, pois observava o estado de Joseph e se agachou para tentar ajudá-lo, mas ele já se encontrava inconsciente e quase morto.

Philip tirou o facão da mochila e a pôs nas costas. Quando Mariana ameaçou correr, ele a segurou pelo ombro direito.

- Por favor, não me mate!! Por favor!!!!! - Ela implorava.

- Fica quietinha aí!

- Phi-Philip?!!! - Ela mal acreditava que era ele o autor. O boné cobria seu rosto.

Mariana entrou em choque quando Philip tirou o boné e se revelou. Ela levou as mãos ao rosto e, chorando ainda mais, perguntou por quê ele atropelou Joseph.

- Foi por sua causa. E não ouse me dizer o contrário!

- Mas...

- Cala essa boca - Philip ameaçou, colocando o facão contra o pescoço de Mariana.

Paulatinamente, Philip fez Mariana ajoelhar-se no chão, próxima ao corpo de Joseph, já morto. Ele se agachou e aproximou seu rosto do ouvido de Mariana, segurando-a pelo braço enquanto ela tentava resistir.

- Eu sempre te amei. Leve essa marca com você.

Philip fez um corte longo e profundo no pescoço de Mariana. Assim que viu o sangue escorrendo pela blusa, ele a golpeou novamente, na barriga, com força suficiente para o facão atravessar o corpo. Ele quase chorava ao golpeá-la, ao pensar que tudo poderia ter ocorrido de outra forma, mas se conteu.

Ao tirar o facão de Mariana, ele se levantou e observou Mariana dar os seus últimos suspiros. Por alguns segundos ele se virou para pôr o facão de volta na mochila e ver se havia outras pessoas por perto. Naquele momento cada lembrança que Philip tinha de Mariana veio á tona. Ele conseguiu sair com ela quatro vezes. Uma para ir ao cinema, duas após festas do colegial, quando foram tomar sorvete e uma no restaurante japonês perto da escola. Lá, ele tentou se expressar para Mariana, ele acreditava que era a oportunidade perfeita. Adorava apreciar o cabelo ruivo de Mariana e as sardas que ela tinha abaixo dos olhos. Philip enxugou uma única lágrima que lhe escorreu enquanto olhava para os corpos de Mariana e Joseph, ambos sem vida, e a trilha formada pelo misturado deles desenbocando no bueiro. Ali, muitas coisas entravam junto com o sangue, de acordo com Philip.

Ele correu para o carro e saiu de lá fritando os pneus. Parou num beco a dez quadras de sua casa, pôs o boné de volta na cabeça, a mochila nas costas e foi correndo para a garagem de sua casa, aonde esvaziou a garrafa de Whisky que abrira e subiu para o quarto, desta vez, com a maior lentidão que jamais teve. Ao subir as escadas, tirou o boné e a camiseta. Assim que sentou-se na ponta da cama, tirou o restante das roupas e as colocou sob a cama. Ainda não sabia o que fazer com elas. Ele não parava de olhar para o chão e pensar em tudo o que fez. Ele não se sentia arrependido, mas amargurado. Aquilo aconteceu com a garota na qual ele investiu tempo, esforços e dinheiro, mas obtivera muito pouco retorno. Seguiu para o banheiro aonde tomou uma ducha longa e, em parte, gelada.

(Continua...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário