André foi o primeiro a entrar.
- Sr. André Vieira?
- Sim, senhor!
- Você era amigo de Jorge Teixeira Lopes?!
- Sim, senhor! A gente sempre estudava junto. Ele me ajudava em lições de casa, provas e tudo mais...As notas mais altas da sala sempre eram dele!
- Seu pai disse que, no dia do crime, sua família foi jantar fora, você estava junto e apenas viu Jorge na escola. Correto?
- Correto, senhor!
- Tem idéia de quem possa ter feito isso?
- Ahm... - André fez uma pequena pausa - Eu me lembro de umas três vezes em que eu vi uns dois caras colando fotos no armário do Jorge.
- Que tipo de fotos?
- De pessoas nuas. Eles achavam que o Jorge era 'nerd', essas coisas...
- Sabe o nome desses 'caras'?
- Eu conheço um deles, Rafael Andrade, ele também colou umas fotos no meu armário. Teve um dia que ele arrombou o armário de um colega nosso e jogou lixo dentro. Lixo de banheiro, sabe?! Ele foi suspenso por uma semana...
- Sabe quem era o outro?!
- Não, não conhecia ele!
- Sabe quem mais poderia ter feito isso, ou alguém que já tenha incomodado seu amigo?
- Não, senhor!
- Tá certo, se preciarmos falar de novo, a gente te liga. Deixa seu telefone. Chama o próximo!!
André se levantou e foi à sala de espera.
- Quem vai agora?!
Laysa se levantou rapidamente.
- Eu vou! Tudo bem, Johnny?!
- Sem problema, vai lá! Boa Sorte!
- Obrigada!
Laysa entrou na sala devagarosamente, e sentou-se em frente ao delegado.
- Srta. Laysa de Souza Campos?
- Sim, senhor.
- Você era amiga de Jorge Teixeira Lopes?
- Eu conhecia ele há uns quatro anos. A gente tava na mesma sala esse tempo todo. A gente se ajudava em algumas matérias e os pais dele eram amigos dos meus. Frequentemente rolava uma carona, porque a gente morava perto. De vez em quando eu jantava na casa dele.
- Srta. me desculpe, mas preciso perguntar. Vocês já tiveram algum relacionamento?
- Não. A gente sempre valorizava a nossa amizade, e isso acima de tudo! Ano passado a gente conversou sobre isso, e chegamos num senso bem rápido.
- Aonde estava no dia do crime?
- Depois da escola, fui pra casa. Á noite, jantei na casa da minha avó, voltei pra casa umas onze e meia.
- De acordo com o seu amigo, um rapaz de nome Rafael Andrade - Laysa paralisou ao ouvir o nome - chegou a colar fotos obcenas no armário de Jorge e de mais alguns alunos. Você o conhecia? - O delegado precisava perguntar, mas tinha uma boa idéia acerca da resposta, pois viu bem a reação de Laysa.
- Conhecia...E também vi o que ele fez com o Jorge. Aquele muleque é tipo do cara que quer se fazer passar de forte, porque falta neurônio na cabeça - Laysa esboçou uma raiva - Teve um dia que ele ficou dando em cima de mim, mas bem canalha! Aquilo se repetiu por dois dias, até que os pais de Jorge vieram, a chamado dele, pra resolver...Foi muito legal da parte dele!
- Concordo! Algo mais a respeito desse Rafael?
- Sim, senhor! Esse caso começou quando o colega do Rafael veio com conversa pra cima de mim.
- Que tipo de conversa?
- Ele me chamou pra sair depois da escola. Quando eu falei que não, ele ameaçou contar pro Rafael um monte de coisa ruim e falsa a meu respeito. E ainda disse que iria expalhar pra escola toda.
- E depois?
- Quando os pais do Jorge vieram, ameaçaram ele de expulsão e processo legal se ele fizésse alguma coisa.
- Depois?
- Ele não fez nada, a não ser me chamar de patricinha, além de outras coisas, umas duas vezes. O Jorge me defendeu nas duas!
O delegado fez algumas anotações em sua folha. Sublinhou o nome 'Rafael Andrade', levantou-se da cadeira, pegou uma pasta do arquivo, e a pôs na mesa.
- Mais alguma coisa?!
- Não, senhor!
- Está dispensada. Se precisarmos falar de novo, a gente liga - Passou uma folha e uma caneta para Laysa - Deixa seu telefone.
Laysa anotou seu telefone de casa, celular e nome completo. Pegou sua bolsa e deixou a sala.
Chama o próximo! - O delegado chama de dentro da sala. Johnny tirou seu boné, deixou-o com
André e entrou na sala do delegado, logo após Laysa sair.
(Continua...)
domingo, 1 de março de 2009
INTITULADO -- PT. 3
A polícia chegou à escola ás 8:00AM, pontualmente, conforme combinado no telefonema. A escola era composta por um prédio de três andares aonde ficavam as salas e outro de dois andares e um sub-solo, aonde ficavam as demais instalações da escola como, a biblioteca, sala de computadores, laboratório de ciências, sala dos professores e cantina. Ao fundo, uma quadra poliesportiva. Na entrada do prédio das salas, quatro cartazes com fotos de Jorge e depoimentos de amigos e professores manifestavam seu apoio à família de Jorge, e sua solidariedade. Bruno e Gabriel assinaram nos cartazes, numa demonstração de luto por Jorge, Rafael passou direto e foi para a sala 3A, aonde estudava.
Ao término da aula, os três se dirigiram ao auditório, aonde a polícia fez uma breve introdução das investigações e pediu que toda e qualquer pessoa que conhecia Jorge, pelo mínimo que fosse, deveria prestar depoimento na delegacia. Disseram ainda que qualquer pista poderia ser fundamental para a solução do caso e que não haveria aula no dia seguinte. O delegado ainda pediu que todos se retirássem, exceto os colegas de sala de Jorge, seus professores e funcionários da escola. Todos receberam convite especial para depôr, especialmente os colegas de sala. Entre eles, André, Johnny e Laysa, chamaram o delegado após a reunião. Eles alegaram ser os amigos mais próximos de Jorge, o que de fato, eram. André ajudava e era ajudado por Jorge em lições de casa, Johnny jogava xadrez e pôker com Jorge nos intervalos e após as aulas, e também estudavam juntos, Laysa estudava com Jorge havia quatro anos, e se conheciam muito bem. Moravam em ruas próimas, por muitas vezes, os pais de Jorge levavam Laysa para casa e vice-versa. Os três disseram ao delegado que iriam comparecer à delegacia na manhã seguinte, ás 11:00AM, para o depoimento.
André, Johhny e Laysa foram a um shopping center próximo, a convite de Johnny. Passaram a tarde na praça de alimentação. Conversavam sobre o que dizer ao delegado, as lembranças que tinham ao lado de Jorge e quando e como ele os havia ajudado. Por cerca de três vezes, Laysa ameaçou um choro, levada pela carga emocional que sentia, sua tristeza em perder um amigo, sua saudade dele, e de todas as risadas que deram juntos. André e Johnny lhe ofereceram refrigerante, alguns lenços de papel e algumas palavras de conforto.
- Obrigada... - Laysa sabia da importância dos amigos em horas como essa - Vamos embora?!
- Vamos! - Johnny concordou de imediato - A gente se encontra na delegacia ou na frente da escola?!
- Na frente da escola, meu pai leva a gente pra lá, depois a gente volta de táxi. A delegacia não é longe daqui - André afirmou. Ele também sentiu pelo falecimento do colega, havia perdido a conta de quantos '9' e '10' tirara com o auxílio de Jorge.
Da mesma forma em que os três estavam reunidos, Bruno, Gabriel e Rafael estavam sentados numa mesa de bar, a dez quadras da escola.
- E aí?! - Questionou Bruno - Que a gente faz agora?!
- Nada! - Rafael respondeu em tom seco - A gente não faz nada! Fala que não sabia de nada, não vimos ninguém, nem menos ele no dia e pronto!
- Sei lá, cara - Bruno mostrava um sério arrependimento - Podem desconfiar se a gente não depôr.
- Desconfiar de quê, cara! Você acha que todo mundo vai depôr, menos a gente?! Se bobear, só a classe dele vai depôr, os professores e o cara da biblioteca. Daí a polícia não volta aqui e pronto!
Bruno não se convenceu totalmente da resposta de Rafael. Ele ainda se sentia responsável, ainda podia ver os olhos de Jorge ao se deitar, e ouvir suas súplicas no silêncio da noite. Não dormia desde a madrugada em que limpou o sangue de suas mãos. Ainda sentia o cheiro dos sacos e do vestiário.
O dia amanheceu nublado, não passava dos 20ºC. André chegou á escola com o pai, Johnny e Laysa dividiam uma garrafa de 600ml de Coca, e mais algumas lembranças. Entraram no carro do pai de André sem dizer muito e seguiram para a delegacia. Laysa quebrou o silêncio, ao dizer que mal conseguiu dormir, e relatou um telefonema para André no meio da madrugada. Andre confirmou, disse que também teve insônia, mas chegou a dormir umas duas horas. Os três pensavam em como começar a relatar suas histórias para a polícia. O carro parou numa vaga e os quatro desceram.
- Pode chamar! - Grita o delegado para seu assistente.
(Continua...)
Ao término da aula, os três se dirigiram ao auditório, aonde a polícia fez uma breve introdução das investigações e pediu que toda e qualquer pessoa que conhecia Jorge, pelo mínimo que fosse, deveria prestar depoimento na delegacia. Disseram ainda que qualquer pista poderia ser fundamental para a solução do caso e que não haveria aula no dia seguinte. O delegado ainda pediu que todos se retirássem, exceto os colegas de sala de Jorge, seus professores e funcionários da escola. Todos receberam convite especial para depôr, especialmente os colegas de sala. Entre eles, André, Johnny e Laysa, chamaram o delegado após a reunião. Eles alegaram ser os amigos mais próximos de Jorge, o que de fato, eram. André ajudava e era ajudado por Jorge em lições de casa, Johnny jogava xadrez e pôker com Jorge nos intervalos e após as aulas, e também estudavam juntos, Laysa estudava com Jorge havia quatro anos, e se conheciam muito bem. Moravam em ruas próimas, por muitas vezes, os pais de Jorge levavam Laysa para casa e vice-versa. Os três disseram ao delegado que iriam comparecer à delegacia na manhã seguinte, ás 11:00AM, para o depoimento.
André, Johhny e Laysa foram a um shopping center próximo, a convite de Johnny. Passaram a tarde na praça de alimentação. Conversavam sobre o que dizer ao delegado, as lembranças que tinham ao lado de Jorge e quando e como ele os havia ajudado. Por cerca de três vezes, Laysa ameaçou um choro, levada pela carga emocional que sentia, sua tristeza em perder um amigo, sua saudade dele, e de todas as risadas que deram juntos. André e Johnny lhe ofereceram refrigerante, alguns lenços de papel e algumas palavras de conforto.
- Obrigada... - Laysa sabia da importância dos amigos em horas como essa - Vamos embora?!
- Vamos! - Johnny concordou de imediato - A gente se encontra na delegacia ou na frente da escola?!
- Na frente da escola, meu pai leva a gente pra lá, depois a gente volta de táxi. A delegacia não é longe daqui - André afirmou. Ele também sentiu pelo falecimento do colega, havia perdido a conta de quantos '9' e '10' tirara com o auxílio de Jorge.
Da mesma forma em que os três estavam reunidos, Bruno, Gabriel e Rafael estavam sentados numa mesa de bar, a dez quadras da escola.
- E aí?! - Questionou Bruno - Que a gente faz agora?!
- Nada! - Rafael respondeu em tom seco - A gente não faz nada! Fala que não sabia de nada, não vimos ninguém, nem menos ele no dia e pronto!
- Sei lá, cara - Bruno mostrava um sério arrependimento - Podem desconfiar se a gente não depôr.
- Desconfiar de quê, cara! Você acha que todo mundo vai depôr, menos a gente?! Se bobear, só a classe dele vai depôr, os professores e o cara da biblioteca. Daí a polícia não volta aqui e pronto!
Bruno não se convenceu totalmente da resposta de Rafael. Ele ainda se sentia responsável, ainda podia ver os olhos de Jorge ao se deitar, e ouvir suas súplicas no silêncio da noite. Não dormia desde a madrugada em que limpou o sangue de suas mãos. Ainda sentia o cheiro dos sacos e do vestiário.
O dia amanheceu nublado, não passava dos 20ºC. André chegou á escola com o pai, Johnny e Laysa dividiam uma garrafa de 600ml de Coca, e mais algumas lembranças. Entraram no carro do pai de André sem dizer muito e seguiram para a delegacia. Laysa quebrou o silêncio, ao dizer que mal conseguiu dormir, e relatou um telefonema para André no meio da madrugada. Andre confirmou, disse que também teve insônia, mas chegou a dormir umas duas horas. Os três pensavam em como começar a relatar suas histórias para a polícia. O carro parou numa vaga e os quatro desceram.
- Pode chamar! - Grita o delegado para seu assistente.
(Continua...)
Assinar:
Postagens (Atom)