quinta-feira, 21 de maio de 2009

INTITULADO -- PT. 9

O garoto tomou mais um calmante para dormir. Antes de se deitar, mandou uma mensagem para Bruno e Gabriel, confirmando a festa e pedindo sugestões de músicas. Elas seriam mandadas ao DJ pela manhã.

Ao decorrer da manhã e tarde de sábado, a casa de Rafael cresce em movimento moderadamente, seus pais foram passar o final de semana em Barra do Una. Ele teve de garantir que a casa iria permanecer intacta. O quintal foi todo varrido, a piscina foi coberta, alguns móveis foram para o andar de cima, e as luzes da festa começavam a ser instaladas.

Gabriel e Bruno foram dentre os primeiros a chegar. Ambos traziam alguns amigos e umas bebidas. Gabriel trouxe Saquê e Bruno trouxe Vodca. Gabriel ajudou a armar algumas coisas, enquanto Bruno guardava as bebidas trazidas. Se reuniram para algumas conversas antes do evento começar. Rafael subiu para tomar banho, Gabriel ficou encarregado de responder ás perguntas que o pessoal provavelmente faria. Ele não foi procurado.

Ás nove da noite, cerca de 60 pessoas já estavam na casa. A maioria já na pista. O DJ seguira as orientações de Rafael linha a linha. Gabriel e os amigos já haviam esvaziado a garrafa de Saquê trazida, e um bom número de latas de cerveja. Bruno conversava num sofá com duas amigas da escola.

O relógio da parede já batia meia-noite. A casa, já com cerca de 70 pessoas, os garçons trabalhando para servir á todos, o Dj tocando uma trilha de músicas remixadas, duas mulheres entram na casa. Natasha e Thaís se apresentam a Rafael, que as cumprimenta e fala para subirem ao quarto dele. Ele subirá em dois minutos. Ele passa por entre as pessoas da pista, procurando por Gabriel. Ele está próximo a um dos cantos, conversando com um grupo de amigos. Rafael o chama para fora, uma conversa seria inaudível em meio aquele ambiente.

-Eu vou subir agora, elas chegaram! Você toma conta da festa?! Ahm avisa o Bruno, tá?!

-Pode deixar, cara, vai lá! E divirta-se, hein?!

-Deixa comigo!

Rafael deixou a pista, bebeu mais um drink, pegou uma caixa de cerveja da geladeira e subiu para o quarto. Natasha e Thaís o esperavam. As duas trajando roupas bem justas, curtas, e decotes muito abertos. As finas alças que passavam por seus ombros cobriam em parte, as marcas de sol. Thaís estava sentada na cama, desamarrando a sandalha. Natasha estava no banheiro arrumando o cabelo e guardando a maquiagem na bolsa.

Ao abrir a porta, fitou Thaís sentada na cama, retocando a maquiagem. Rafael ligou o computador, fechou janela e trancou a porta. A trilha de músicas já estava selecionada numa pasta em seu Media Player. Programou para tocar todas em seqüência e voltar para a primeira, após a reprodução da última. Minimizou a janela e levantou-se, para sentar-se na cama.

-Querem beber alguma coisa?!

Thaís abriu uma lata de cerveja, Natasha agradeceu, mas não quis beber. Thaís deixou a lata sobre a mesa, a primeira música já havia acabado. A segunda começava a ser reproduzida. Eram algumas baladas que ele havia separado, mais alguns blues e duas temáticas, intencionalmente separadas. A primeira estava ecoando nas caixas de som. Natasha apoiou seus braços sobre Thaís e começou a rebolar sensualmente, encarando Rafael nos olhos e tirando seu sua blusa. Thaís retirou seu sutiã, abrindo lentamente a fivela, seguindo o ritmo da música. O show continuava, Rafael passava seus olhos por sobre os corpos das duas, indo e voltando, subindo e descendo. Gostava de reparar nas partes do corpo de uma mulher que mais lhe agradavam. Seus olhares as cobriam com freqüência. Olhava o quanto queria, e o quanto deixou de olhar para outras mulheres na rua. Sentia-se confiante e orgulhoso. Elas estavam lá para satisfazê-lo, de todas as formas. Não eram de passagem, nem se vestiam discretamente. Embora, já na quarta música sendo reproduzida, Natasha e Thaís nada vestiam, e não mostravam nenhuma timidez, faziam isso havia três anos.

Rafael suava, e seu coração pulsava aceleradamente. Ele sentia arrepios que lhe corriam o corpo todo. A quarta música acabava. Para ele, era o sinal de que a primeira fase do programa havia terminado. Dali, começaria a segunda, e Rafael se veria no meio de Natasha e Thaís, extravagando suas potência e sentindo-se o rei da noite. Ele se levantou, sem pressa.

-Vou pegar umas coisas no banheiro, você – Apontando para Natasha – pode deitar na cama, você – Agora para Thaís – me espera ao lado da porta. Rafael entrou no banheiro, as duas seguiam as ordens. Rafael procurava camisinhas e um gel no armário do banheiro. Colocou tudo em cima da pira e tirou a roupa, para tomar uma breve ducha. Assim que deixou o box, notou mais vapor do que ele achava que haveria. Mas nem ligou para o fato. Quando se olhou no espelho, outro arrepio lhe subiu dos pés à cabeça, mas era gelado, opostamente aos primeiros. Rafael pôde ver Jorge parado ao lado do box, encarando-o nos olhos. Rafael se virou e deu de cara com o menino. Jorge estava pálido, seus olhos vermelhos, e sua roupa aparentava estar molhada.

-Sai daqui!! Me deixa em paz!!! SAI DAQUI!!! VOCÊ NÃO EXISTE!!! me deixa em paz!!!! - Rafael grita, enquanto Jorge começava a andar em sua direção.

Quando Rafael tentou correr para a porta do banheiro, seus pés patinaram pelo chão escorregadio, fazendo-o cair, chocando sua cabeça contra a privada, deixando-o inconsciente. O choque contra a privada abriu uma ferida na cabeça de Rafael, um pouco acima de sua nuca. O vermelho do sangue já se misturava com o verde-limão dos azulejos quadriculados, que cobriam toda a área do banheiro. Natasha e Thaís abriram a porta do banheiro, devido ao susto, e viram Rafael desmaiado no chão do quarto. Natasha correu para o corpo de Rafael, tentando reanimá-lo. Thaís se vestiu afobadamente, mal arrumou a roupa, e saiu do quarto, tentando chamar ajuda. Um dos garçons subiu e encontrou Natasha, agora também vestida, colocando Rafael sob a cama.

A confusão chamou a atenção de algumas pessoas que passavam perto da escada quando o garçom subiu. Ele pegou o telefone mais próximo e chamou uma ambulância. Alguns amigos de Rafael apontavam seus dedos para as duas, e as condenavam por Rafael estar inconsciente. Um amigo de balada de Rafael chamou a polícia, para prender Natasha e Thaís, acusando-as de agressão. Algumas pessoas na festa já estavam bêbadas, ou “alegres”, quando começou o alvoroço que tomou conta do quarto de Rafael. Alguns se empurravam no corredor, no quarto e no topo da escada, tentando ver como estava Rafael, ou tentando ter uma idéia do que aconteceu. O segurança da festa logo subiu para o quarto, tirou todos de lá, exceto Natasha e Thaís, e verificou com o garçom se a ambulância foi chamada. Alguns amigos de Rafael insistiam para que a polícia fosse chamada para prender as duas garotas de programa. O segurança foi obrigado a chamar. Rafael era menor.

(Continua...)

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